Desde 2021, o rover Perseverance, da NASA, explora a superfície de Marte e tem proporcionado descobertas surpreendentes sobre o planeta vermelho. Recentemente, na Cratera Jezero, o veículo identificou evidências que podem transformar o nosso entendimento sobre Marte, revelando sinais de um ambiente possivelmente habitável há bilhões de anos. Entre as principais descobertas estão rochas extremamente antigas, diversidade geológica e indícios de interação com água.

Rochas Mais Antigas do Sistema Solar

Uma das descobertas mais impressionantes ocorreu próximo à borda da Cratera Jezero, onde foram analisadas rochas estimadas em mais de 4 mil milhões de anos, possivelmente as mais antigas já observadas pelos cientistas.

Estas rochas são mais velhas que qualquer formação encontrada na Terra, cuja crosta primitiva foi quase totalmente destruída pela tectónica de placas. Ao estudá-las, os pesquisadores esperam desvendar aspetos da evolução inicial dos planetas rochosos, uma etapa pouco conhecida da história do sistema solar.

Além disso, estes registos únicos revelam como Marte evoluiu desde a sua formação e oferecem pistas sobre o desenvolvimento de condições favoráveis à vida em planetas semelhantes à Terra.

Diversidade Geológica nas Colinas Pico Turquino

As colinas Pico Turquino, investigadas pelo Perseverance, destacam-se como uma região de grande diversidade geológica, oferecendo pistas valiosas sobre a história da presença de água em Marte. A área reúne formações ígneas, resultantes de atividade vulcânica, e rochas que foram alteradas pela interação com água no passado.

Estas formações podem ser fragmentos da crosta primitiva do planeta, proporcionando uma rara oportunidade de explorar as condições antigas de Marte. Os indícios de alteração por água confirmam que a região esteve em contacto com líquidos, um elemento crucial para o desenvolvimento de ambientes habitáveis.

Descoberta de um Novo Ambiente Habitável

Uma das descobertas mais notáveis foi a identificação de seixos de quartzo, uma formação mineral inédita em Marte. Este mineral, geralmente associado a ambientes onde fluídos quentes circulam, como fontes termais, foi encontrado nas colinas Pico Turquino. Na Terra, regiões com estas características costumam abrigar vida microbiana, o que reforça a hipótese de que Marte pode ter oferecido condições habitáveis no passado.

A presença de quartzo não apenas amplia as possibilidades de onde a vida poderia ter surgido no planeta vermelho, mas também sugere um tipo de ambiente habitável distinto dos já identificados anteriormente.

Desafios e Próximos Passos

Apesar das descobertas promissoras, o Perseverance enfrenta desafios técnicos para recolher amostras dos seixos de quartzo, já que estes materiais estão soltos e não fixados em formações rochosas. Por isso, os cientistas estão direcionando os seus esforços para localizar quartzo incrustado em estruturas sólidas, que possam ser analisadas com maior precisão no futuro.

A próxima etapa da missão será a exploração de Witch Hazel Hill, uma área com camadas rochosas que podem preservar um registo cronológico detalhado da história geológica marciana. A análise destas camadas permitirá reconstruir a sequência de eventos que moldaram a superfície do planeta ao longo de mil milhões de anos, aprofundando o nosso entendimento sobre a sua evolução.

Importância para a Exploração de Marte

As descobertas do Perseverance desempenham um papel fundamental no aprofundamento da nossa compreensão sobre Marte, desde as suas condições primitivas até ao seu potencial para sustentar vida.

A análise dos registos geológicos do planeta permite estabelecer paralelos com a história da Terra, ampliando o nosso conhecimento sobre a formação de planetas habitáveis. Missões futuras, como a planeada para trazer amostras marcianas à Terra, serão vitais para datar com precisão estas rochas e examinar os seus minerais em detalhe.

Estes esforços representam avanços significativos na busca por evidências de vida antiga em Marte, aproximando-nos da resposta a uma das maiores questões da humanidade: estamos sozinhos no universo?

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Aceda à reportagem original no Science News para compreender tudo sobre as evidências de ambientes habitáveis em Marte.